Autodefesas mexicanas.
Os grupos de autodefesas, ou as chamadas "milicias comunitárias"
são um fenômeno social que vem se multiplicando por toda a extensão do território mexicano. Em uma tentativa desesperada de encerrar um ciclo de violência, comunidades tradicionais se organizam em uma força antagônica às autoridades governamentais e aos carteis de trafico de drogas.






Nas montanhas do estado de Guerrero, indígenas do pequeno vilarejo de Ayahualtempa recorrem a formas desesperadas de resistência. Entre o abandono do Estado e o narcotráfico,
quase todos os homens da comunidade se alistaram como parte da polícia comunitária.
Após uma sequência de desaparecimentos e chacinas, dezenas de habitantes abandonaram suas casas. A CRAC-PC (Coordenação Regional de autoridades comunitárias) é um movimento que organiza diversas comunidades que se levantaram contra o crime organizado. Com turnos de até 10 horas, dia e noite, os membros da policia comunitária indigena fazem rondas pelos limites da comunidade, por trilhas frequentemente usadas por traficantes.












Tamanha a angustia, a comunidade se organizou para ensinar táticas introdutórias de sobrevivência e guerrilha para crianças.
Em uma cerimônia midiática em busca de atenção governamental, a policia comunitária convida meninos e meninas de 10 a 15 anos para performarem posições militares na praça de esportes do povoado.
Muitos orfãos, vítimas do ciclo de violência que assola a região, meninos são ensinados
a se defender sob o pretexto de que
logo podem não ter ninguém para
protege-los.










Em questão de semanas, cerca de 200 homens tomaram o vilarejo com enfrentamentos e prisões de supostos membros de um cartel. Nos primeiros
dias do conflito, aproximadamente 3.000 pessoas fugiram da região.
O povoado abandonado por milhares durante os dias de conflito ficou marcado por panos brancos pedindo paz em meio a paredes queimadas e cravadas de balas.


Em meados de julho de 2021, no pequeno povoado de Pantelhó, no estado de Chiapas, um grupo de homens armados apelidado de
“El Machete” se levantou contra
a falta de presença do Estado na situação de extrema violência
que pairava sobre a região.
Os movimentos sociais armados estavam adormecidos há mais de 20 anos no Estado mais pobre do país, conhecido historicamente pela revolução Zapatista de 1994.









